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Hoje é dia de quê?

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Hoje é dia de quê?

Minhas incansáveis e inoxidáveis recordações do passado, trazem de volta práticas que vivenciamos e que hoje estão muito diferentes. Tudo muda muito rapidamente!
Quando comecei a lecionar, isso lá pelos idos dos anos setenta, tínhamos por hábito comemorar uma montanha de dias: dia dos animais, dia do meio ambiente, dia pan-americano, dia dos meios de comunicações etc… Creio que esses dias ainda existem, mas passam em brancas nuvens. De certa forma, graças a Deus!
Era um tal de inventar o que fazer para comemorar que tinha vezes nas quais não havia como fugir do desenho mimeografado para que as crianças pudessem pintar. Pobreza!
Esses dias comemorativos eram parte do currículo. Pulando de um polo a outro, hoje praticamente não temos comemorações nas escolas. Se temos algumas são tão raras que podemos até contá-las numa só mão e sobram dedos.
No entanto existem alguns “dias” que eu pessoalmente fico incomodada em comemorar.
Um deles, aliás, o que mais me incomoda é o tal dia internacional da mulher.
É dia 8 de março e mal chegamos a algum lugar. Vêm os parabéns.
Parabéns por ser mulher! Acho estranho demais da conta, parafraseando os mineiros. Não escolhi nascer mulher, não faço mais do que existir da forma que Deus me criou e recebo felicitações. Muito estranho.
As floriculturas ficam lotadas! Estava numa delas no último dia 8, comprando flores para uma amiga que partia e olhando em volta vi uma dúzia de homens, escolhendo o mimo para sua eleita. Alguns estavam querendo fazer bonito, pois deve haver muitas mulheres que esperam pelos agrados com os olhos compridos. Sonhadoras!
Acho que estou realmente ficando velha, pois parabéns às mulheres e aos professores, e aos homens e a todos, sem exceção, devem ser dados todos os dias através de atos de respeito e consideração.
Todos nós temos tarefas a cumprir pelas quais afetamos consideravelmente muitas pessoas.
É no cumprimento desejável e ético de nossas ações que devemos ser ou não parabenizados.
Assim devemos ensinar nossos garotos: que cumpram bem e eticamente o que deles a sociedade espera para ganharem parabéns.
Essa é uma tarefa inglória ultimamente, porque nossos meninos não têm muitos exemplos edificantes. Seus heróis são pouco louváveis. Seus ídolos são frágeis e frívolos. Quem os salvará da mediocridade que grassa e se multiplica? Mistério!

Drª Sonia Regina P. G. Pinheiro