São João, São João a fogueira de meu coração está apagada!
Não há como contestar que atualmente as escolas e as paróquias são a fonte mor das tradições de festas juninas.
No passado, além dessas instituições, famílias inteiras e suas vizinhanças se esmeravam em preparar esses folguedos com muita alegria, músicas e comilança.
No momento esses eventos ficaram relegados ao improviso. Calcule que algumas paróquias venderam kits juninos que eram oferecidos pela internet. As pessoas encomendavam via telinha os quitutes que iam retirar na paróquia. Para Dona Maria vai dois cachorros-quentes completos, curau e pipoca. Para o seu Valdemar vai um quentão, três espetinhos de carne, uma pamonha e quatro churros! Coisa mais sem graça!
As escolas se viraram como puderam: algumas mostraram as tais Lives com alunos sacolejando solitários ao som de uma sanfona distante, com máscara que escondia discretamente a decepção.
Outras escolas inovaram e fizeram o tal do drive junino. Isso consistia na passagem da família por dentro do pátio da escola de carro. Os meninos espichavam os olhos para reconhecer os professores que balançavam com música típica, para espantar a tristeza. Ganhavam pipoca, tiravam foto e tchau mesmo.
Fico refletindo sobre o poder que um porcariazinho dum vírus teve em nossa vida! Teve a moral de roubar vidas, de roubar sonhos, alegrias, diversões, empregos, passeios… Poderoso o danado!
Ficamos sempre pensando que talvez no ano que vem, quem sabe, poderemos retomar nossas atividades. No entanto estamos sempre com um pé atrás, porque já pensamos nisso no ano passado e foi muita água fria no nosso quentão!
Estamos nos acostumando ao novo normal? Sem chance! Festa junina tem elementos que são principalmente os encontros entre pessoas, os abraços, as danças, as risadas, as comidas à vontade e tudo o que não podemos fazer atualmente. Principalmente aglomerar.
Felizes festas juninas do passado! Meu marido as adorava, porque era um casamenteiro de marca maior e achava que nesses eventos a amor estava sempre no ar. Ele não estava errado, porque conheço mais de um casal que foi picado pelo cupido caipira. Namoraram, noivaram e se casaram de verdade.
O casamento na quadrilha muitas vezes era um pretexto bem colocado para reunir dois noivos que na vida real espichavam o olho um para o outro! Os pares na dança da quadrilha também tinham uma chance para que aquele menino mais tímido tivesse a chance de dar o braço à menina mais bonitinha da sala.
Acaba logo, pandemia cruel! Quero as festas juninas de volta para acender a fogueira no meu coração!
Sonia Regina P. G. Pinheiro