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Tempos idos de escola. Saudades de vida dura? Claro que não!

16 | 04 | 2021
Fala Diretora
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Tempos idos de escola. Saudades de vida dura? Claro que não!

Pessoas que já viveram um bom par de anos, de repente se assombram com mudanças que são bastante impactantes naquilo que outrora existia.
Impossível não me recordar de como era a escola de meu tempo de menina em comparação com agora.
Minhas primeiras incursões no mundo letrado foram muito dolorosas! De verdade!
Detestava escola! Para mim era o fim da liberdade, do prazer e do afeto! Também, comecei a estudar com uma professora, que para começar se chamava Carlota! Dona Carlota. Uma senhora aposentada que recebia em sua casa crianças para ensinar. Era uma miscelânea! Alunos bem pequenininhos sem nenhum contato anterior com livros e cadernos e outros que lá ficavam para fazer lição de casa ou reforçar conhecimentos.
Ficávamos meio soltos pela sala, olhando outros alunos em seus afazeres.
Num desses passeios pelo pequeno espaço, vi uma menina estudando ciências. Devia ser um conteúdo para terceira série do ensino fundamental. Chamou minha atenção e curiosidade uma figura do livro que mostrava uma caveira. Perguntei para a menina apontando na figura: Nossa a caveira não tem pipi?
No mesmo instante, a dedo-duro chamou a velha professora e repetiu o que eu havia dito. Pronto!
Deixou-me ajoelhada no milho! Experimente colocar uns grãos de milho no chão e ajoelhar sobre eles!
Acho que o Senhor não deve ter tido piedade da Dona Carlota quando a recebeu em Sua presença. Que castigo duro ela impingiu a uma garotinha curiosa de 5 anos e em tantos outros! Conclusão, depois disso, eu sempre inventava uma desculpa para faltar às “aulas”.
Um dia até inventei que estava com dor de cabeça.
Minha avó, que coitada, era muito crédula, me deixou faltar, mas assim que mamãe chegou em casa e me perguntou por que eu não estava na aula. Menti para salvar a pele. Estava com dor de cabeça, disse me lamuriando. Senti o peso das chineladas que arderam sem dó e nem piedade! Tempos duríssimos!
Assim, quando começou o ensino fundamental, íamos vovó e eu a pé por uns 40 minutos até a escola. Na porta eu ensaiava uma corrente de desculpas para não entrar e ela, sempre muito carinhosa, prometia bomba de chocolate e maria-mole na saída.
Essa vovó voltava para casa, vinha me buscar e trazia os mimos!
Era só cuidados. Quando chovia eu calçava galochas e na porta da escola ela enxugava meus pés, colocando meias e sapatos sequinhos!
Transporte escolar? Luxo puro do nosso século! Tudo tem seu tempo. Nossa garotada tem tudo e muitas vezes não valoriza! Pena!

Sonia Regina P. G. Pinheiro

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